Se existe uma coisa que gosto de fazer... é contar histórias... adoro elaborar... contar casos... inventar... ter conversas inusitadas... elaborar personagens... criar problemas e arrumar soluções, preferencialmente absurdas. Misture a isso uma curiosidade incessante, vontade de juntar pedaços de informações e criar uma história coerente.
Qdo se junta o gosto de contar histórias com a curiosidade de entender o mundo.... o cotidiano passa a ser um grande palco de personagens, cujo as histórias ainda hão de ser elaboradas. À medida q me deparo com os personagens (e eles me interessam)... me torno narradora daquelas histórias. Histórias essas que têm ação, q têm problema e q eventualmente terão uma solução... todos independente de mim... meu papel no dia a dia não é saber a verdade, é criar coerência, não pros atores... mas pra mim, narrador, ouvinte e observador.
Dizem as más línguas q a história só faz sentindo qdo ela atingir a coerência em dois planos, o do narrador e o do ouvinte. No caso de observar o dia a dia... eu sou o narrador... e sou a ouvinte da minha própria narração.
.... Uma das histórias que mais gosto de narrar é de brigas de casal. Preferencialmente, briga de casal dentro de algum carro, qdo não tenho acesso ao conteúdo da briga... apenas aos gestos e expressões. Não conheço o casal, não sei pq estão brigando... mas adoro o fato das expressões faciais e gestos de brigas de casais serem sempre os mesmos (ou pelo menos muito parecidos). Não me julguem como um ser q gosta da desgraça alheia! Não gosto... mas alguma coisa em briga de casal é tão expressivo, tão envolvente... q mesmo os que estão de fora se sentem atraídos para pelo menos observar. Curiosidade pode ter matado um gato... mas a mim... acho q ainda vai render uma boa surra de alguma mulher barraqueira.
Durante a briga do casal vc tem sempre dois lados, homem e mulher. Apesar de estarem de lados opostos, ambos estão brigando (batalhando) para que algo seja feito a fim de que o relacionamento vá em frente. A briga só existe pq ambas as partes ainda estão investidas no relacionamento... a partir do momento q não houver mais investimento, a briga não existirá mais... e aí parte-se pro descaso, indiferença, e eventualmente ao término da relação. Entenda... não estou dizendo q todo casal deve brigar. Se você não briga, parabéns! Mas... alerto aos casais q têm discussões, q não temem expressar sua opinião.... a partir do momento em que você passar a achar q não vale mais a pena discutir, preocupe-se. O amor pode ainda existir, mas a vontade de investir e batalhar por uma relação melhor... bom... essas coisas podem estar se esgotando.
Enfim... voltando as narrativas... briga de casal me encanta. De um lado vc tem a mulher...com seus gestos mais expansivos, com suas expressões de raiva e indignação sempre mais proeminentes... e no final, quase sempre, a cara feira. O olhar desviado, rosto sério... e o corpo virado para qq lugar, menos pro do seu parceiro. O homem, por outro lado, tem gestos contidos... no máximo altera as expressões faciais pra demonstrar descrença no que está ouvindo... e geralmente uma virada de olho segue a mesma expressão. Se ele se achar na razão... a raiva também pode surgir e junto a ela, olhares q penetram, encaram, e indicam: te chamo pro combate.
A briga segue nessa troca pelas coisas mais variadas... e acho q por isso também me sinto “encantada” por brigas de casais. A briga pode ser por causas sérias como traição, mentiras, desconfianças, questões financeiras, desavenças ideológicas, etc. Mas... a briga também pode ser pela toalha deixada no chão do banheiro, o esquecimento do aniversário, o caminho errado q pegaram, o carro que está sem gasolina, o tempo que leva pra se arrumar ou até mesmo: “pq vc sempre me liga qdo to saindo com meus amigos(as)?” (sim... isso pode ser motivo de briga).
As possibilidades para essas narrativas são as mais variadas! As causas as mais diversas, e as soluções as mais inusitadas. Relacionamentos são complicados... mas enquanto forem complicados... mantemos a riqueza de histórias inusitadas, personagens passionais, e uma narradora encantada pelos mais variados desfechos.
E fica aqui uma dica... caso nunca tenha prestado atenção em briga de casal... preste atenção... cada uma é uma potencial cena de Shakespeare...
Beatrice: Against my will, I am sent to bid you come into dinner.
Benedick: Fair Beatrice, thank you for your pains.
Beatrice: I took no more pains for those thanks than you take pains to thank me. If it had been painful, I would not have come.
Benedick: You take pleasure then in the message?
Beatrice: Yea, just so much as you may take upon a knife's point. You have no stomach, signor? Fare you well.
Benedick: Ha. "Against my will I am sent to bid you come into dinner." There's a double meaning in that
Ou uma cena de novela mexicana, com Luis Fernandos, Marias do Bairro e Marimar.
Watch and learn... não sobre as brigas... mas sobre as potencialidades de histórias q saltam em nossa frente sobre o cotidiano.
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Amigaaaaa...
ReplyDeleteSinto q vc tem futuro nos folhetins mexicanos...rs... Vc ainda terá uma casa em Miami e a Thalia como protagonista.
E não se preocupe: se alguma barraqueira ousar chegar junto de ti, se eu não estiver junto, só te peço pra anotar a placa, pq os pneus serão devidamente trabalhados...rs... bjo